Morretes, os sinos e os sineiros (*). Mauro Cherobim Cada vez que chego em Morretes, sinto nos meus ouvidos os sons dos sinos da matriz: quando tristes, entristeciam os morretenses; quando alegres, alegravam a todos. Cada “música”, isto é, cada batida, identificava uma atividade religiosa, mas também havia uma batida para a comunidade. Sou de uma geração que nasceu e se criou ouvindo os sinos da Igreja Matriz. Eu fui um dos sineiros da Igreja. Na torre da Matriz havia quatro sinos, numerados do menor ao maior, em primeiro segundo terceiro e quarto. Cada sineiro se especializava num deles. Os primeiro e segundo sinos eram os “de repique” e eram tocados por um só sineiro e era quem dava o ritmo. O quarto fazia um acompanhamento, surdo, e era o responsável pelas e emoções. As tristezas e as alegrias. O terceiro intermediava o “diálogo” dos sinos menores com o “solo” do quarto. Ao toque dos sinos a cidade ficava alerta: alguém havia falecido. Quem? Logo a notícia se espa...
Casos e causos de uma vida. Ambos contam fatos históricos verdadeiros; casos são aqueles contados com a rigidez dos fatos históricos e causos, aqui, serão casos contados com liberdade linguística e de forma descontraída. Ambos numa linguagem etnográfica. Não seguirei uma ordem cronológica, mas procurarei, sempre, situar os fatos no momento histórico em que eles aconteceram. Kerob sou eu, como sempre me chamavam, com uma abreviação do Cherobim, nome de origem veneta cuja pronúncia é Kerobim.