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A pandemia do Coronavirus e as estatísticas.


A pandemia do Coronavirus e as estatísticas.

Será que a leitura nos faz mal? Talvez faça. Ela nos levar a refletir, a pensar como o um pai me aconselhava, quando eu me queixei com ele por ter que viajar entre Paranaguá e Londrina, em estradas de terra, cuja velocidade era, em médio, de 30 km/h. A viagem demorava entre 18 e 20 horas. Desde que não chovesse. Isto há 66 anos. Segui a orientação dele; era o meu herói. Não só ele; meu pai e minha mãe eram os meus heróis. Segui a sua orientação. Gostei e me “viciei” a pensar. Pensando bem, foi fácil seguir os conselhos o meu pai porque a minha mãe pedia que eu descrevesse os meus desenhos; pedia-me que eu descrevesse os meus desenhos, que eram todos de paisagens. Aqueles pensar e descrever, sem que os meus pais me falassem, comecei além de ver, observar, ou seja, “ver o invisível”. Usando a fotografia como comparação, a minha máquina fotográfica tem uma opção chamada de RAW, que inglês significa cru, carrega detalhes muito profundos de cor e luminosidade que as fotos em outros formatos, como o JPEG, não têm. Nesta minha máquina, a foto que eu utilizo é a JPEG, um “resumo” da opção RAW. “Mal comparando”, quando vemos estamos na opção JPEG e quando observamos entramos na opção RAW.

Traduzindo os comentários acima para a situação, nesta pandemia de vírus e do chamado distanciamento social, de seus filhotes se é vertical ou horizontal, dos segredos de acomodação atribuídos a pensadores hindus, é muito perigoso. Passamos aceitar este afastamento social como benéfico, mas será (estou falando no caso brasileiro). Senti o picar da pulga atrás das minhas orelhas ao ler Decreto Nº 64880 DE 20/03/2020, que diz no seu artigo primeiro em por objetivo “adotar as providências necessárias para que as atividades de manejo de corpos e necropsias, no contexto da pandemia do COVID 19 (Novo Coronavírus), não constituam ameaça à incolumidade física de médicos, enfermeiros e demais servidores das equipes de saúde, nem aumentem riscos de contágio à sociedade paulista, sendo-lhes lícito adotar, para a preservação dessas vidas”. A minha opção RAW ligou sem eu esperar. Será que estes profissionais esqueceram, de uma hora para outra, todas as técnicas de preservação no manuseio de cadáveres? O artigo dois deste decreto diz o seguinte: “Os Secretários da Saúde e da Segurança Pública poderão editar normas complementares visando ao cumprimento do disposto neste decreto”.

No dia seguinte ao Decreto do Governador o Secretário de Segurança Pública editou a Resolução SSP Nº 26 DE 20/03/2020. Dentre os seus considerandos determinou que, “segundo órgãos da Saúde Pública, durante a situação de pandemia, qualquer cadáver, independentemente da causa da morte ou da confirmação de exames laboratoriais deve ser considerado um portador potencial de infecção por Covid-19”. Portador potencial é portador? As estatísticas serão infladas e os “afastamentos sociais” serão prorrogados. E os cuidados do Senhor Governador levará os “afastados” à síndrome de Estocolmo,estado psicológico particular em que uma pessoa, submetida a um tempo prolongado de intimidação, passa a ter simpatia e até mesmo amor ou amizade perante o seu agressor”. Isto no Estado mais rico da União.

Mauro Cherobim 30/03/2020

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